IHGMG – Tributo ao Sesquicentenário da Escola de Minas

Por Marcelo Albuquerque – Professor, artista, historiador e escritor

Boletim Informativo – INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS
Edição: 7 | dezembro de 2024 – Editor: Domingos Teodoro da Costa

O Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) foi palco de uma manhã memorável, no dia 30 de novembro de 2024, com a palestra do artista e escritor Uoster Zielinski, que apresentou sua nova biografia de Henri Gorceix. Este evento marcou também a abertura da Exposição do Marco Zero, em homenagem ao sesquicentenário da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Reunindo personalidades de destaque do IHGMG e da UFOP, além de professores renomados e convidados ilustres, a ocasião ressaltou a importância da Escola de Minas na história imperial e republicana de Minas Gerais e do Brasil. O IHGMG, reconhecendo a relevância de iniciativas como essa, celebrou sua missão de preservar e divulgar a história de Minas Gerais, homenageando aqueles que contribuem para a valorização de seu rico patrimônio histórico e cultural. A mineração desempenha um papel central na história de Minas Gerais, desde os tempos coloniais, quando o ciclo do ouro colocou a região no epicentro da economia brasileira. No entanto, o século XIX apresentou novos desafios e oportunidades, marcados pela mudança da exploração de ouro para a exploração de ferro, que passou a ter um papel proeminente na economia local e nacional. Empreendedores como Jean- Antoine Monlevade e Wilhelm Ludwig von Eschwege, o Barão Eschwege, foram fundamentais nesse processo. Monlevade, um engenheiro francês, fundou a Fábrica Patriótica, a primeira siderúrgica do Brasil, enquanto Eschwege introduziu práticas modernas de mineração e metalurgia e promoveu estudos geológicos pioneiros.

Essas iniciativas pavimentaram o caminho para uma infraestrutura mineral mais sofisticada, conectando gradualmente Minas Gerais ao emergente cenário industrial global. O ferro, recurso abundante em Minas Gerais, tornou-se essencial para o desenvolvimento econômico e industrial do Brasil. A fundação da Escola de Minas de Ouro Preto, em 1876, foi um marco que profissionalizou o setor e ajudou a criar uma base técnica sólida para a exploração mineral. A escola consolidou o papel da ciência na mineração, transformando práticas empíricas em estratégias bem fundamentadas. Esse movimento estabeleceu Minas Gerais como uma referência em mineração e metalurgia, unindo passado e futuro em uma trajetória de inovação e progresso.

Claude-Henri Gorceix: ciência, educação e legado

De acordo com Uoster Zielinski, Claude-Henri Gorceix, cientista francês nascido em Saint-Denis-des-Murs, próximo a Limoges, revolucionou o ensino técnico no Brasil. Sua formação acadêmica, que combinava ciências físicas e naturais, foi marcada por passagens pela Escola Normal Superior de Paris e pela Escola Francesa de Atenas. A convite de Dom Pedro II, Gorceix veio ao Brasil com a missão de fundar uma Instituição que alavancasse o desenvolvimento científico e técnico no país. Assim nasceu a Escola de Minas de Ouro Preto, inaugurada em 12 de outubro de 1876, com a missão de formar engenheiros capacitados para transformar a mineração e a metalurgia no Brasil. Com a liderança de Gorceix, a Escola de Minas tornou-se referência em educação técnica e científica, influenciando diretamente à modernização do setor mineral brasileiro. Ao longo de 15 anos, Gorceix dirigiu a escola, enfrentando desafios como a transição do Império para a República. Após sua saída em 1891, retornou à França, onde se estabeleceu em Bujaleuf e se dedicou à agricultura e à política, sendo eleito prefeito por quatro mandatos.

Mesmo distante, nunca deixou de contribuir com o Brasil, sendo nomeado Inspetor Geral do Ensino Agrícola de Minas Gerais em 1896. Seus esforços para modernizar o setor agrícola, embora frustrados pela instabilidade política, refletem seu compromisso com o desenvolvimento do país.

Palestrante – Dr. Uoster Zielinski

Claude-Henri Gorceix faleceu em 1919, mas seu legado permanece vivo. Seus restos mortais, trasladados para Ouro Preto em 1970, repousam em um mausoléu na Escola de Minas, símbolo de sua contribuição monumental à ciência e à educação no Brasil. A biografia apresentada por Uoster Zielinski celebra essa trajetória, reafirmando a importância de Gorceix na história de Minas Gerais e do Brasil. A exposição Marco Zero, realizada em seu tributo, representa não apenas uma homenagem ao sesquicentenário da Escola de Minas, mas também um reconhecimento de sua visão inovadora, que integrou ciência, prática e desenvolvimento socioeconômico.

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Publicado por Marcelo Albuquerque

Pintor, desenhista, professor, escritor. Áreas de atuação: Artes plásticas, Arquitetura e Urbanismo, Comunicação, Design e Educação. Professor universitário especialista nas disciplinas de História da Arte, História da arquitetura, Desenho Artístico, Pintura e Patrimônio. Atualmente leciona no grupo Ânima Educação (UNI-BH e Centro Universitário UNA), nas graduações de Arquitetura e Urbanismo, Design Gráfico, Design de Moda e no curso tecnólogo de Design de Interiores. Mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes - UFMG (2013); especialista em História da Arte pela PUC MG (2008). Especialista em Ensino e Aprendizagem na Educação Superior pelo Instituto Ânima São Judas Tadeu - SP (2020), bacharel em Artes pela Escola de Belas Artes - UFMG (2003). Graduando em Licenciatura em História pelo Centro Universitário Ítalo-Brasileiro. Possui em seu currículo mais de 40 exposições artísticas e 2 livros publicados. Criador do curso online Arte e Culturas (Hotmart e Youtube). Acesse o linktree para mais detalhes: https://linktr.ee/estudioalbuquerque.