Pinturas e desenhos
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Série Tradição
Trecho do artigo Cartas aos amigos do IBAT – Instituto Brasileiro de Arquitetura Tradicional – IBAT-INTBAU-BRAZIL.
Fonte: https://www.arquiteturatradicional.org/
Basicamente as distintas definições para o que chamamos de arquitetura tradicional encontram-se, em maior ou menor grau, na arquitetura histórica, nos meios e nos contextos construtivos tradicionais ou vernaculares. Acrescentam-se, em seguida, as inovações e atualizações tecnológicas que permitem novas possibilidades estruturais, de conforto e de tecnologia embutida, entre outros fatores. As artes se comportam de forma semelhante, porém não se comprometem com a funcionalidade ou utilidade prática, o que as distinguem da arquitetura e do design industrial.
A arquitetura das cidades históricas de Minas Gerais faz parte do conjunto da tradição arquitetônica do Brasil. Nesse contexto, a arquitetura luso-brasileira, em particular, desempenha um papel significativo em nossa história. Portanto, a tendência seria adotar este modelo como referência de arquitetura tradicional. Entretanto, os bons exemplos das obras ecléticas, Art Déco e modernistas dos séculos XIX e XX podem ser contemplados como parte integrante da arquitetura tradicional brasileira, sob a ótica histórica em que foram concebidas. Aos brasileiros, abre-se uma frente ampla segundo essas tradições, somadas às experiências luso-brasileiras, germânicas, latinas, indígenas, africanas e orientais. Um exemplo de arquitetura tradicional que valoriza a cultura local é a arquitetura vernacular. Essa forma arquitetônica é construída pelos próprios habitantes, fazendo uso de materiais e técnicas disponíveis na região. É resultado de um conhecimento acumulado ao longo de gerações e reflete a capacidade do ser humano em se adaptar ao ambiente.
A arquitetura tradicional pode ser ignorada pelos jovens estudantes ou por alguns acadêmicos, do mesmo modo que jovens artistas, inebriados pelas novidades conceituais dos modismos contemporâneos, tendem a desprezar a arte popular e os mestres de ofícios tradicionais. Entretanto, os mais experientes consideram fundamental o contato próximo com carpinteiros, mestres de obras, de ofícios e artesãos que dominam as tradições e habilidades práticas, o mais cedo possível.


Arquitetura e paisagem – 40x58cm – aquarela, nanquim e aquarela fibralo sobre papel. 2023.
Tradição (Ponte) – Caneta Posca (acrílica) sobre papel 29,7 x 21 cm. 2023.
Série Sacromontes
Um sacromonte é um conjunto arquitetônico e paisagístico religioso caracterizado por uma série de capelas ou pequenos oratórios dedicados à vida de Cristo, à Virgem Maria ou a santos específicos, geralmente distribuídos em colinas ou montanhas, criando uma peregrinação que combina a devoção espiritual com a contemplação da natureza. Estes complexos surgiram principalmente no contexto do movimento de contrarreforma, como forma de fortalecer a fé católica em meio às crescentes influências protestantes na Europa, oferecendo uma experiência de fé dramática e imersiva. O formato de sacromontes floresceu no século XVI, principalmente na Itália e depois espalhou-se por outros países católicos.

Sacromonte – Óleo sobre tela – 100 x 100 cm – 2017
Nova configuração da paisagem – Paisagens imaginárias
O debate entre o regional e o universal, e o pintor e sua circunstância: esse ponto nos remete à definição de circunstância do filósofo Ortega Y Gasset. Nossa essência e nosso ambiente nos moldam através de sua interação mútua. A paisagem representa uma possibilidade. Como artista, professor de história da arte e escritor, a história e a tradição certamente influenciam minha obra e pensamento. A arte contribui para o mundo que almejamos construir e cultivar, não exatamente o visível. As paisagens imaginárias são imagens da experiência humana, possíveis. A ciência trabalha sobre os fatos e leis naturais, mas necessita da imaginação para avançar para modelos potencialmente possíveis.
Posso rastrear uma linhagem das minhas paisagens imaginárias ao perceber nelas as influências de outros artistas que admiro. Os fundamentos clássicos se sustentam nos dias de hoje não por falta de imaginação das novas gerações, mas por serem modelos estéticos consolidados que fundamentam as novas gerações nas esferas eruditas e populares.
Por meio da análise e estudo, os cenários imaginários buscam um entendimento dos conflitos humanos através dos conceitos de paisagem, da vista que me é conhecida. Deve ser assim, pois é nela que exerço minhas experiências, e não em outros países. Contudo, o conhecimento dos clássicos nos revela os eventos passados nesses outros territórios e na experiência humana. Por isso, quando recorto uma montanha que não existe, ela se torna um símbolo.
A arte não pode ser fiel à vida, mas sim à própria arte, e suas linguagens. Este ambiente perfeito ou imperfeito, visível nas paisagens imaginárias, provém do que a nossa educação sugeriu, como cultura, valores e ideias discutidos. Esse é o poder da imaginação.

Paisagem para Caraça – Acrílica sobre tela – 100 x 80 cm – 2020
Montanhas cortadas
A série “Montanhas Cortadas” surge por volta do ano de 2007, como recurso para uma visão poética da nova paisagem mineira. É uma paisagem que se afasta dos temas bucólicos de uma Minas Gerais rústica, barroca e interiorana. As pinturas e desenhos não buscam uma denúncia explícita e simplista das atividades mineradoras, pois a atividade mineradora, e suas consequências benéficas e maléficas, são complexas. Ao mesmo tempo que dependemos destes recursos, a gravidade dos desastres ecológicos e humanitários é imensa.
Em tom de ironia, o temperamento do humor das pinturas é latente, pois não desejo me aproximar de uma propaganda, mas sim de um sentido poético atemporal. Os morros surgem como ícone, um símbolo de força e identidade, submetidos às transformações promovidas pelas novas gerações em seu meio. Essa é uma pesquisa sobre como formas emergem, o potencial de transformação de uma paisagem e como uma nova paisagem é construída e configurada.
A paisagem natural, a arquitetura, os cortes das minerações, as estradas, fazendas, loteamentos e a expansão urbana fazem parte do imaginário desta série. Eles tornam as paisagens especiais e peculiares, nunca submetidas a um olhar realista, mas sempre imaginárias. Várias relações são criadas entre a arquitetura e os edifícios, considerados personagens urbanos. Adicionalmente, existem conexões entre as construções e a natureza preservada, resultantes da decisão humana.
As interações também abrangem o que é construído sobre áreas já ocupadas, o orgânico e o geométrico, além das marcas de novas ocupações, exploração e utilização do solo. São obras simbólicas e líricas; estas relações podem ser encontradas nas séries Paisagem e Arquitetura, Montanhas e Paisagens Imaginárias com Montanhas Cortadas. Agrega-se também um cuidadoso trabalho técnico e cromático.

Paisagem imaginária com montanhas cortadas – Óleo sobre tela – 120 x 180 cm – 2012
Paleopaisagens
A série “Paleopaisagens” inicialmente se baseia em um roteiro de estradas entre Lagoa Santa, Matozinhos, Pedro Leopoldo e Serra do Cipó, uma área arqueológica notavelmente importante da América do Sul. Nessa região situa-se o circuito das grutas: Maquiné, Lapinha e Rei do Mato. Outros pontos de interesse são o Parque Estadual do Sumidouro, os locais de escavação preservados de Peter Lund, as pinturas rupestres, as ruínas da igreja de Jaguara Velha, a caverna da Faustina e a maravilhosa caverna da Lapa Vermelha. Entretanto, a exploração do Carste de Lagoa Santa nos alerta para a preservação do rico patrimônio.

Paleopaisagem – Aquarela sobre papel – 55 x 75 cm – 2013
Pinturas e desenhos
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